Distribuições e Esperanças condicionais

Vamos iniciar com o caso em que e são discretas. Considere um espaço de probabilidade e tal que . A distribuição conditional de dado o evento é em que é um boreliano da reta real. Podemos verificar que define uma probabilidade, visto que satisfaz os três axiomas da probabilidade: probabilidade não negativa, probabilidade de sendo e probabilidade da união sendo a soma das probabilidade individuais para sequências de disjuntos.

A função de distribuição condicional de dado é e a esperança conditional é

Agora suponha que seja uma variável discreta em que assuma os valores . Então, podemos usar os conjuntos para particionar . Nesse caso, é a distribuição condicional de dado .

Daí podemos calcular A esperança condicional de dado é , que é uma função de . Em particular, é uma variável aleatória cujas realizações são . Portanto, usando que


📝 Processo de Poisson

Considere um contador de partículas que conta segundo um processo de Poisson com parâmetro . O número de partículas contadas até o tempo é Seja o tempo de chegada da primeira partícula e o tempo entre as chegadas das partículas e . Vimos que são independentes e identicamente distribuídos com parâmetro .

Uma pergunta natural é qual a distribuição de ? A resposta é uniforme , isto é, se sabemos que chegou exatamente um indivíduo no período , o tempo que ele chegou está uniformemente distribuído em . Note que implica que . Dessa forma, Se , em que a segunda igualdade vem do fato que e implica e, portanto, . A segunda igualdade vem do fato que os intervalos disjuntos são independentes no processo de Poisson. Finalmente, a terceira vem do fato que as variáveis têm distribuição de Poisson e tem a mesma distribuição de . Portanto .

Mais do que isso, podemos provar que tem distribuição uniforme no conjunto Note que se são iid , a estatística de ordem tem distribuição uniforme em .

Com isso em mente, podemos pensar que dado que partículas chegaram até o tempo , isto é, , a chegada das partículas é modelada por variáveis aleatórias iid e, após ordenadas, temos os tempos de chegadas das partículas em ordem.


Caso geral

Seja um intervalo de tamanho e que contenha o ponto . Assim, dizemos que se o limite existe. Se para alguma vizinhança de , , então definimos . Essa definição de probabilidade condicional não é única. Além dela, existem baseadas em Teoria da Medida que dão um rigor maior em demostrações teóricas.

Podemos provar também que a distribuição condicional de dado é a única que satisfaz para quaisquer pares de variáveis aleatórias e definidas em um mesmo espaço de probabilidade.

Suponha que e tenham densidade . Seja a densidade da distribuição condicional. Se , então define uma densidade. Além disso, essa densidade satisfaz as relações que estabelecemos para probabilidade condicional. Se , os valores para a densidade não são relevantes, pois tem probabilidade .

Formalmente, definimos como a distribuição condicional para dado se

(I) , define uma probabilidade nos borelianos da reta.

(II) Para todo boreliano , é função mensurável de e para todo ,

Pode-se provar que para duas variáveis aleatórias e definidas no mesmo espaço de probabilidade, existe uma distribuição condicional para dado , e ela é única exceto em um conjunto de medida nula.

Apesar de ser uma verdade, esse limite acerta com probabilidade , mas não em todo ponto. Para distribuições contínuas, podemos obter resultados inesperados. Em geral, o que se faz é usar a densidade conjunta para variáveis contínuas ou avaliar no caso discreto. Se não conseguirmos proceder com esses casos, temos que chutar a distribuição condicional e verificar as condições da definição.

Uma proposição importante é a seguinte, também conhecido como princípio da substituição.

Proposição: Sejam e variáveis aleatórias e uma função mensurável. Se a distribuição condicional de dado é então

Esperança condicional

Sejam e variáveis aleatórias. A esperança condicional de dado é Se é integrável, então essa esperança existe e é finita quase certamente para valores de . A variável aleatória , que é função de , é a esperança condicional de dado .

Lembrando que . Além disso, se , vale que . A linearidade e a desigualdade de Jensen do valor esperado também é mantida. Outros resultados que valem para valor esperado também valem para .