Esperança matemática
Seja uma variável aleatória discreta com função de distribuição . A esperança de ou valor esperado de é definida como quando a série é absolutamente convergente.
Para uma variável aleatória e com distribuição . A esperança de é definida por quando a integral de Riemann-Stieltjes está bem definida. Quando é finita, dizemos que é integrável. Se tem densidade , então
Proposição: .
Se assume somente valores inteiros não negativos, então
Propriedades da esperança
Seguem algumas propriedades relevantes sobre o valor esperado (sempre supondo que são integráveis):
-
.
-
.
-
Linearidade:
-
Desigualdade de Jensen: se é função convexa, então . Se for côncava, então é convexa e, portanto, . De forma um pouco mais geral, basta que seja convexa em uma região tal que .
-
Desigualdade de Markov: se , para todo , .
-
Desigualdade de Chebychev: seja . Assim, para todo .
-
Se e , então .
Integrabilidade
Podemos derivar algumas condições de integrabilidade a partir dessas propriedades.
-
Se é dominada por uma variável aleatória integrável , isto é, , então é integrável.
-
e, portanto é integrável se, e só se, .
Esperanças de funções de variáveis aleatórias
Seja uma variável aleatória, uma função mensurável e . Então Para isso, precisamos encontrar a distribuição de , isto é, para cada .
A lei do estatístico inconsciente (Law of the unconscious statistician, LOTUS) é um importante teorema para calcular o valor esperado de . Muitos livros antigos de estatística se referiam a esse resultado como uma definição, e não como um teorema, então utilizavam um resultado de forma inconsciente.
O resultado diz que de forma que, se é variável contínua com densidade , e se é discreta com função de massa ,
Momentos
Seja uma variável aleatória e . O valor é o -ésimo momento de em torno de . Quando , dizemos momento central de ordem de e quando , dizemos momento de ordem de . A variância é o segundo momento central.
Um resultado interessante é que se é finita para algum , então para todo , vale que .
Propriedades da variância
-
.
-
para todas as constantes e .
Esperanças de funções de vetores aleatórios
Se e é uma função mensurável. Então Nos casos discreto e contínuo, essa integral tem as simplificações usuais.
Proposição: Se são variáveis aleatórias independentes e integráveis,
Observação: não implica independência de e . Se tem distribuição normal bivariada, covariância zero implica independência. Mas são poucos os exemplos.
A covariância entre e é Se , então e são não correlacionadas.
Temos que
A correlação de e é
Vale que
- para algum e .
- .
Apêndice: integral de Stieltjes
Seja uma função contínua com domínio em e uma função de distribuição. A integral de Riemann-Stieltjes de em relação a como o limite das somas de Riemann da forma em que para todo e . O limite é tomado quando . Se o limite existe, denotamos ele por
Em geral, essa definição de integral tem alguns problemas que aparecem para casos simples. O exemplo clássico é tomar e procurar , que não existe. Por isso, em medida, é mais interessante usar a integral de Lebesgue-Stieltjes.
Essa integral não é introduzida aqui, mas vale para funções mensuráveis. Quando o integrando é uma função contínua, a integral de Lebesgue-Stieltjes torna-se a de Riemann. Algumas propriedades são
(1) .
(2) A integral é linear no integrando e no integrador, isto é, vale a linearidade para e para a distribuição .
(3) Vale que para .
(4) Quando é distribuição discreta, se , então .
(5) Quando é distribuição contínua com densidade , então .