Esperança matemática

Seja uma variável aleatória discreta com função de distribuição . A esperança de ou valor esperado de é definida como quando a série é absolutamente convergente.

Para uma variável aleatória e com distribuição . A esperança de é definida por quando a integral de Riemann-Stieltjes está bem definida. Quando é finita, dizemos que é integrável. Se tem densidade , então

Proposição: .

Se assume somente valores inteiros não negativos, então

Propriedades da esperança

Seguem algumas propriedades relevantes sobre o valor esperado (sempre supondo que são integráveis):

  1. .

  2. .

  3. Linearidade:

  4. Desigualdade de Jensen: se é função convexa, então . Se for côncava, então é convexa e, portanto, . De forma um pouco mais geral, basta que seja convexa em uma região tal que .

  5. Desigualdade de Markov: se , para todo , .

  6. Desigualdade de Chebychev: seja . Assim, para todo .

  7. Se e , então .

Integrabilidade

Podemos derivar algumas condições de integrabilidade a partir dessas propriedades.

  1. Se é dominada por uma variável aleatória integrável , isto é, , então é integrável.

  2. e, portanto é integrável se, e só se, .

Esperanças de funções de variáveis aleatórias

Seja uma variável aleatória, uma função mensurável e . Então Para isso, precisamos encontrar a distribuição de , isto é, para cada .

A lei do estatístico inconsciente (Law of the unconscious statistician, LOTUS) é um importante teorema para calcular o valor esperado de . Muitos livros antigos de estatística se referiam a esse resultado como uma definição, e não como um teorema, então utilizavam um resultado de forma inconsciente.

O resultado diz que de forma que, se é variável contínua com densidade , e se é discreta com função de massa ,

Momentos

Seja uma variável aleatória e . O valor é o -ésimo momento de em torno de . Quando , dizemos momento central de ordem de e quando , dizemos momento de ordem de . A variância é o segundo momento central.

Um resultado interessante é que se é finita para algum , então para todo , vale que .

Propriedades da variância

  1. .

  2. para todas as constantes e .

Esperanças de funções de vetores aleatórios

Se e é uma função mensurável. Então Nos casos discreto e contínuo, essa integral tem as simplificações usuais.

Proposição: Se são variáveis aleatórias independentes e integráveis,

Observação: não implica independência de e . Se tem distribuição normal bivariada, covariância zero implica independência. Mas são poucos os exemplos.

A covariância entre e é Se , então e são não correlacionadas.

Temos que

A correlação de e é

Vale que

  1. para algum e .
  2. .

Apêndice: integral de Stieltjes

Seja uma função contínua com domínio em e uma função de distribuição. A integral de Riemann-Stieltjes de em relação a como o limite das somas de Riemann da forma em que para todo e . O limite é tomado quando . Se o limite existe, denotamos ele por

Em geral, essa definição de integral tem alguns problemas que aparecem para casos simples. O exemplo clássico é tomar e procurar , que não existe. Por isso, em medida, é mais interessante usar a integral de Lebesgue-Stieltjes.

Essa integral não é introduzida aqui, mas vale para funções mensuráveis. Quando o integrando é uma função contínua, a integral de Lebesgue-Stieltjes torna-se a de Riemann. Algumas propriedades são

(1) .

(2) A integral é linear no integrando e no integrador, isto é, vale a linearidade para e para a distribuição .

(3) Vale que para .

(4) Quando é distribuição discreta, se , então .

(5) Quando é distribuição contínua com densidade , então .